Amanhã quero cedo despertar;
E
ver o sol resplandecente em seu raiar,
Vou
estar nas pedras como sempre,
Quero
ouvir o som do vento;
Para
nele dissipar o meu lamento,
Mas
ninguém nunca, nunca saberá,
O
que me dizes, ó vento.
Sei
que o sol tentará abrasar inutilmente o meu corpo,
Que
em nada adiantará,
Se minh'alma permanece a congelar.
Por
fim, calou-se o vento,
Pude
só então ouvir de ti,
O
que o vento tanto tempo me ocultou;
Disse-me
que como eu, estavas sofrida,
E
que igual a mim, ninguém jamais te amou.
Agora
que sopre o vento,
Venha
agora sim, enxugar as águas que degelam de minh'alma,
Pois
meu lamento ainda há de encontrar;
Lamento
sim...
Lamento
muito todo esse tempo que perdi,
Perdi
por não poder te escutar...
Gomes
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