segunda-feira, 5 de novembro de 2018

MISTO DE SAUDADES



Sentindo uma vez mais,
aquele gosto amargo de solidão;
É apenas o que a mim vem,
toda vez que descalço ponho os meus pés no chão.

Saudades da voz que brava ralhava:
- Volta aqui menino!
- Não vais te gripar!
- Acaso sois mendigo ou peregrino?
- Toma cuidado comigo, óh menino!
- Tu bem sabes que na volta, irás apanhar!

Mesmo assim eu saía correndo,
de nada adiantava,
inda que sabendo,
o que na volta por mim, aguardava.

Menino travesso,
inconsequente talvez,
noutro dia, de cama,
garganta inflamada outra vez.

Hoje, o mundo tem de mim,
o homem que a vida me fez,
consciente, choro baixinho,
em meio a tantos,
inda me sinto sozinho,
Em meu peito há um misto de saudades,
não quereria pra mim, nada,
que não me fizesse trilhar por esse caminho.

José Gomes


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MEU ELO PERDIDO

 Uma noite de solidão,  Penumbra triste e fria... Que ninguém ouse contar de ti, os segundos, Nem há quem possa adivinhar quanto tempo durar...