Eu queria ter o tempo necessário para ver o mar vencer a barreira imposta pelas pedras,
Ver o triunfo de um verdadeiro vencedor da amargura;
Impondo sua fúria impiedosa, com suas correntezas,
A cobrar o seu tempo de clausura.
Ainda poder ver os derrotados,
Aos montes exilados;
Ouvir ainda que ao longe, o clamor,
Dos poucos que restaram na "lanterna dos afogados".
Ainda que houvesse um perdão,
Qual seria o mérito, senão?
Arrepender-se, embora que tardiamente,
Só então, caberia também de forma tardia, o perdão.
Recolher-se-ia, talvez não!
Uma nova chance, um recomeço?
Talvez sim! Mas será preciso estar preparado,
Pois todavia, consequências tem seu preço.
Mas o tempo urge, e o meu esgotou-se,
Não fuji, apenas fui levado;
Contigo não mais estou,
De mais esse dessabor, fui poupado.
Não digo que espero por ti, no deserto,
Não sei quem por mim espera,
Mas temo que a ti,
Não vá querer de mim, tão perto.
Levado estou no dessabor da saudade,
A tempestade é densa e negra,
O meu tempo se foi, na despedida agora,
Só um tardio aceno às cegas.
José Gomes
São F
rancisco de Itabapoana, RJ/ Brasil.