quinta-feira, 27 de junho de 2024

VENCEDOR DA AMARGURA

Eu queria ter o tempo necessário para ver o mar vencer a barreira imposta pelas pedras,

Ver o triunfo de um verdadeiro vencedor da amargura;

Impondo sua fúria impiedosa, com suas correntezas,

A cobrar o seu tempo de clausura.


Ainda poder ver os derrotados,

Aos montes exilados;

Ouvir ainda que ao longe, o clamor,

Dos poucos que restaram na "lanterna dos afogados".


Ainda que houvesse um perdão,

Qual seria o mérito, senão?

Arrepender-se, embora que tardiamente,

Só então, caberia também de forma tardia, o perdão.


Recolher-se-ia, talvez não!

Uma nova chance, um recomeço?

Talvez sim! Mas será preciso estar preparado,

Pois todavia, consequências tem seu preço.


Mas o tempo urge, e o meu esgotou-se,

Não fuji, apenas fui levado;

Contigo não mais estou,

De mais esse dessabor, fui poupado.


Não digo que espero por ti, no deserto,

Não sei quem por mim espera,

Mas temo que a ti,

Não vá querer de mim, tão perto.


Levado estou no dessabor da saudade,

A tempestade é densa e negra,

O meu tempo se foi, na despedida agora,

Só um tardio aceno às cegas.


José Gomes 

São F

rancisco de Itabapoana, RJ/ Brasil.




terça-feira, 18 de junho de 2024

ATÉ A MORTE

 ATÉ A MORTE 


Já perdi as contas de quantas vezes eu desamarrei às cordas e subi a âncora,

Das vezes que rumei ao porto que parecia seguro...

Quantos naufrágios...

Quanto pode ser inseguro, o "porto seguro", ao marinheiro imaturo.


Tantas vezes náufrago,

Agora só me resta a graça da vida;

Já não conto as duras batalhas,

Sequer, as marcas de ferida.


Desta vez, eu corto as cordas,

Iço as velas e me liberto desta âncora azarão;

Vai, desce âncora maldita!

Que parece ser tu, o motivo de toda a minha perdição!


Vai, desce ao fundo do oceano, leva contigo as minhas, mágoas e dores!

Vá para que nunca mais me deixe aportar;

Estou de velas ao vento, sem cordas e sem destino, 

Sem um desejo que me faça parar.


Perdido, sem rumo, só céu e mar!

Nem leme nem norte,

Sem temer tempestade ou morte.

Não culpo sequer a sorte.


Navegante nesse imenso mar da vida,

Onde jamais poderá me alcançar a sorte;

Ser só é o meu destino,

Onde no fim, só me aguarda a morte.


Quando vieres, que breve sejas, não fugirei nem desviarei,

Te receberei num abraço forte;

Também não te reclamarei a minha vida,

Porém jamais te chamarei de sorte.


Sorte esta, que jamais seguiu comigo,

Desde a minha primeira viagem;

Parece que por lá, perdida ficou,

A mim abandonou, por ficar presa a minha antiga bagagem.


Quando o meu corpo já sem vida, se dobrar sobre a haste da madre,

Que um vento manso tome o leme e sopre, até ao cais mais próximo se aporte;

Deem descanso ao meu barco!

Único a estar comigo até a morte.


José Gomes 

São Francisco de Itabapoana, RJ/ Brasil.


MEU ELO PERDIDO

 Uma noite de solidão,  Penumbra triste e fria... Que ninguém ouse contar de ti, os segundos, Nem há quem possa adivinhar quanto tempo durar...