ATÉ A MORTE
Já perdi as contas de quantas vezes eu desamarrei às cordas e subi a âncora,
Das vezes que rumei ao porto que parecia seguro...
Quantos naufrágios...
Quanto pode ser inseguro, o "porto seguro", ao marinheiro imaturo.
Tantas vezes náufrago,
Agora só me resta a graça da vida;
Já não conto as duras batalhas,
Sequer, as marcas de ferida.
Desta vez, eu corto as cordas,
Iço as velas e me liberto desta âncora azarão;
Vai, desce âncora maldita!
Que parece ser tu, o motivo de toda a minha perdição!
Vai, desce ao fundo do oceano, leva contigo as minhas, mágoas e dores!
Vá para que nunca mais me deixe aportar;
Estou de velas ao vento, sem cordas e sem destino,
Sem um desejo que me faça parar.
Perdido, sem rumo, só céu e mar!
Nem leme nem norte,
Sem temer tempestade ou morte.
Não culpo sequer a sorte.
Navegante nesse imenso mar da vida,
Onde jamais poderá me alcançar a sorte;
Ser só é o meu destino,
Onde no fim, só me aguarda a morte.
Quando vieres, que breve sejas, não fugirei nem desviarei,
Te receberei num abraço forte;
Também não te reclamarei a minha vida,
Porém jamais te chamarei de sorte.
Sorte esta, que jamais seguiu comigo,
Desde a minha primeira viagem;
Parece que por lá, perdida ficou,
A mim abandonou, por ficar presa a minha antiga bagagem.
Quando o meu corpo já sem vida, se dobrar sobre a haste da madre,
Que um vento manso tome o leme e sopre, até ao cais mais próximo se aporte;
Deem descanso ao meu barco!
Único a estar comigo até a morte.
José Gomes
São Francisco de Itabapoana, RJ/ Brasil.
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