terça-feira, 18 de junho de 2024

ATÉ A MORTE

 ATÉ A MORTE 


Já perdi as contas de quantas vezes eu desamarrei às cordas e subi a âncora,

Das vezes que rumei ao porto que parecia seguro...

Quantos naufrágios...

Quanto pode ser inseguro, o "porto seguro", ao marinheiro imaturo.


Tantas vezes náufrago,

Agora só me resta a graça da vida;

Já não conto as duras batalhas,

Sequer, as marcas de ferida.


Desta vez, eu corto as cordas,

Iço as velas e me liberto desta âncora azarão;

Vai, desce âncora maldita!

Que parece ser tu, o motivo de toda a minha perdição!


Vai, desce ao fundo do oceano, leva contigo as minhas, mágoas e dores!

Vá para que nunca mais me deixe aportar;

Estou de velas ao vento, sem cordas e sem destino, 

Sem um desejo que me faça parar.


Perdido, sem rumo, só céu e mar!

Nem leme nem norte,

Sem temer tempestade ou morte.

Não culpo sequer a sorte.


Navegante nesse imenso mar da vida,

Onde jamais poderá me alcançar a sorte;

Ser só é o meu destino,

Onde no fim, só me aguarda a morte.


Quando vieres, que breve sejas, não fugirei nem desviarei,

Te receberei num abraço forte;

Também não te reclamarei a minha vida,

Porém jamais te chamarei de sorte.


Sorte esta, que jamais seguiu comigo,

Desde a minha primeira viagem;

Parece que por lá, perdida ficou,

A mim abandonou, por ficar presa a minha antiga bagagem.


Quando o meu corpo já sem vida, se dobrar sobre a haste da madre,

Que um vento manso tome o leme e sopre, até ao cais mais próximo se aporte;

Deem descanso ao meu barco!

Único a estar comigo até a morte.


José Gomes 

São Francisco de Itabapoana, RJ/ Brasil.


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