segunda-feira, 30 de setembro de 2024

DUAS VIRGENS E UM DESTINO (11)

No balcão da recepção, Paulo então pede pelo seu exame, entregando na mão da recepcionista, o seu RG.

- Está pronto, vou pegar para o senhor...
- Aqui está! Diz a recepcionista, ao entregar o envelope nas mãos de Paulo.
Paulo então agradece e avisa que tem também marcado, o dr. Pedro, o neuro, e a moça então busca por sua ficha, o entrega e lhes conduz ao corredor, para que pudessem aguardar.
Um pouco depois, Paulo é chamado a entrar no consultório e Sophia entra, seguindo os seus passos.
Doutor Pedro então os cumprimenta e pega o resultado da tomografia e pōe-se a ler o laudo escrito.
Depois de um tempo em silêncio, começa a observar então, as imagens...
Logo depois ele se volta para o casal e diz:
- Então, não há nada de errado com os seu exame! Além de uma leve inclinação  do pescoço, que de certo não vai atrapalhar em nada, o seu cérebro não sofreu nenhuma avaria, está perfeito, não houve traumatismo, nem perda de massa encefálica... Está tudo em ordem! Relata o neurologista.
- Mas, doutor, essa amnésia, já dura mais de vinte anos, qual poderia ser a causa? Pergunta Sophia, meio que desapontada.
- É mais provável que esteja ligada ao emocional do que a qualquer dano cerebral! Afirma dr. Pedro.
Paulo então por sua vez, resmungou entristecido:
- Eu já ouvi isso antes!
Sem conseguir esconder o desapontamento, ambos saem do consultório e se dirigem pelo corredor rumo à recepção e chegando à rua, posteriormente. De lá, Sophia segue para o curso, enquanto Paulo fica no carro olhando aquelas folhas, sem respostas que pudessem satisfazer a sua longa angústia.
Paulo então dá partida no carro e sai para uma volta, enquanto aguarda Sophia.
Enquanto isso, no curso, uma pequena pausa e o instrutor pergunta pra Sophia:
- Cade aquela moça esforçada e cheia de vontade de vencer, que eu vi entrar aqui, a dois dias atrás?
- Sophia cabisbaixa, então responde:
- Não estou em um dos meus melhores dias... O taxista que vem sempre me trazer aqui na cidade, ele é também um grande amigo e tem um problema de amnésia retrógrada. Ele fez uma tomografia para ver se encontrava o motivo da mesma e hoje saiu o diagnóstico.
- E o ele tem, afinal? Pergunta o instrutor.
- Nada! Respondeu Sophia.
- A gente esperava uma resposta, mas não foi encontrado nada que possa ter causado essa amnésia.
- O que o médico disse sobre isso? Indaga o instrutor.
- Ele disse que só se for algum fundo emocional, pois não há nenhuma avaria no cérebro pra ter causado essa doença. Relata Sophia.
Aquele instrutor, de nome Mário, então reagiu de uma forma esquisita, inclinando a cabeça pra direita e depois deu leve sorriso, sacudindo a cabeça em negativa.
Sophia então logo perguntou:
- O que foi isso? Jeito estranho...
- Não foi nada demais, não! Diz Mário!
- Como nada? Disse Sophia, já ficando indignada.
- Tá bom, então eu vou te falar, mas não vai me chamar de doido! Argumenta Mário.
- É que há pouco tempo, apareceu aqui pela cidade, um casal e a esposa dizia que iria montar um consultório para atender fazendo terapia regressiva... Então eu lembrei disso, mas seria uma loucura, alguém voltar no passado, foi o que eu pensei, quando ouvi isso. Só agora é que pensei o quanto poderia ser útil, no caso desse seu amigo.
- É sério isso? Pergunta Sophia, bastante interessada no assunto.
- Sim, mas não sei ao certo o que aconteceu, mas ela não montou o negócio, mas eles ainda moram na cidade, o marido dela é locutor em uma rede de supermercado, mas ela, eu não a vejo a tempos. Parece que saiu do país, ouvi dizer que está fazendo curso de hipinose, não sei onde.
- Nossa!!!  Podemos conversar mais sobre isso na próxima vinda minha aqui? Eu queria que o meu amigo ouvisse sobre isso, quem sabe não pode se interessar... Já é hora de voltar ao curso, diz Sophia.
-Sim, porque você não chega mais cedo, amanhã, e almoçamos juntos, enquanto conversamos! Convida Mário.
- Pode ser, vou falar com o Paulo, mas acho que ele vai se interessar! Concorda Sophia.
No final do dia e também daquele aula, Paulo aproxima-se e Sophia embarca, retornando...
Durante a viagem de volta, Paulo muito calado e Sophia inquieta, doida pra falar sobre o assunto...
Então ela destrava a língua e começa a falar:
- Você ficou satisfeito com o resultado obtido hoje?
- Eu já sabia, eu acho! Mas confesso que tive por um instante, a esperança de que pudece pelo menos encontrar uma razão para o meu problema, mas tá bom, podia ter sido pior... Desabafa Paulo.
- Vai desistir agora então, né, e viver o resto da vida nesse marasmo?
Perguntou Sophia, já cheia de novas intenções.
- Não sei, acho que vou seguir até que surjam novos rumos, senão, é viver mesmo esse tal marasmo como você diz. Respondeu Paulo.
Sophia então sentiu alí, um momento de fragilidade em Paulo e lança a sua rede...
- E se eu te disser que existe ainda uma chance de você se lembrar do seu passado, você me deixa te guiar nessa aventura?
- Lá vem você... Exclama Paulo.
- Eu sei que te fiz gastar suas fichas, com a idéia desse exame, mas será que eu perdi todo o meu crédito, numa única partida perdida? Sophia indaga, entristecida.
Paulo então olha e vê aquela lágrima que desce daquele rosto triste e diz:
- Tá bom, garda logo essa cebola que você tem escondida aí e me fala logo o que você tem pra falar!
Sophia então enxuga aquela lágrima, libera um leve sorriso e então diz:
- Obrigado por você ainda me ouvir... Como você sabe, eu sou órfã desde muito cedo e encontrei em você, a segunda pessoa que mais esteve perto de um pai, pra mim, por isso eu gostaria de retribuir e aqui, o mais perto de uma família que tenho, também e você, então deixa eu resgatar esse sentimento que já vem quase se extinguindo em mim. É muito bom sentir algo diferente do que eu vinha sentindo já há muito tempo.
Depois desse sermão, eu só posso dizer que você é livre pra me conduzir, pelo menos mais essa vez! Diz Paulo.
-E então, o que você tem pra me propor?
Sophia então diz:
- Amanhã, quando formos pro curso, vamos mais cedo, vamos almoçar lá e te apresento uma pessoa que me falou sobre algo que achei interessante e queria que você também ouvisse ele...

Este é um conto de ficção, casos de nomes ou histórias semelhantes, terá sido mera coincidência.
José Gomes
30/09/2024

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

DUAS VIRGENS E UM DESTINO (parte10)

Inicia-se então uma nova fase na vida do casal de amigos e Sophia então, se submete aos seus exames, tendo Paulo entrado no consultório do neurologista para a consulta e então adquirir sua requisição para a tomografia.

Sem muito interpelo, o médico apenas faz as perguntas de plache e fica um pouco interessado no histórico do seu novo paciente... Uma amnésia retrógrada, que deveria ser transitória, porém já dura mais de vinte anos... Retrucou o dr. Pedro, (como se chamava o profissional.)... Um caso assim, eu desconheço em todos os meus dez anos de profissão. Mas logo logo vamos desvendar isso, pode ter certeza, Paulo! 

Expediu então a requisição dizendo:

- Esse seu caso, se você me permitir, eu gostaria de acompanhar, pois nunca é tarde pra novos aprendizados!

- É claro, respondeu Paulo! 

Será melhor se você trouxer um acompanhante, alguém que possa te acompanhar após o exame, pois podem ocorrer tonturas.

- Ah sim, eu terei e deve estar bem a porta, é uma amiga, que por sinal, é quem está me incentivando a buscar o meu passado!

Ao abrir a porta, lá estava Sophia, que Paulo tratou logo de apresentar ao ao dr. Pedro, dizendo:

- Aqui está a responsável por me fazer retornar à busca do meu passado, Sophia é o nome dela!

Ao cumprimentá-la, o médico a parabenizou por seu incentivo e olhando para Paulo, perguntou:

- Você tem certeza que quer recuperar a memória e descobrir o seu passado? Em seu lugar, com uma acompanhante assim, acho que eu queria esquecer tudo, e só viver o futuro já estava bom demais, disse o médico sorrindo e logo se desculpando pelo trocadilho.

- Somos só amigos, talvez, como irmãos! Exclama Paulo, sem confirmado instantaneamente pela amiga.

- Está bem, desculpe-me mais uma vez, afinal eu sou só um neurologista e não um conselheiro, não é mesmo, rsrsrs! Retrata-se o médico.

Pedido na mão, agora é só correr pro balcão e marcar...

- Só temos vaga para o próximo mês, dia 25, pode ser? Explicou a recepcionista.

- Tão longe... Resmungou Sophia.

Mais 20 dias, pra quem esperou por mais de 20 anos, não há de ser uma eternidade, pode marcar! Respondeu Paulo, bastante entusiasmado.

Paulo com o exame marcado, Sophia já tendo realizado os dela, agora é retornar e aguardar as datas, para realizar o exame de Paulo e Sophia buscar o resultado dos seus.

Já na volta, Sophia faz questão de dizer que só volta lá, no dia do exame de Paulo, uma vez que o resultado dos seus, estariam prontos, uma semana antes.

Na cidadezinha, a rotina continua, já se aproximando o fim das férias, Sophia sabia que teria que cortar um dobrado para dar aulas em dois turnos, sendo duas turmas em cada e ainda ir a capital para fazer o seu curso, caso os exames a atestassem apta a ingressar no mesmo.

O tempo passou rápido demais, com toda a preocupação de Sophia, que nem sentiu e já era o dia, o momento tão esperado.

- Então vamos lá! Diz Sophia, eufórica.

- Vamos! Disse Paulo, também muito apreensivo! 

E partiram, rumo a capital, lá se vão!

Quase duas horas depois, eles chegam a clínica. 

Sophia logo toma a dianteira e diz:

- Só vou pegar o resultado dos meus exames depois que você tiver saído daquela máquina!

Paulo por sua vez, exclama:

- Tenho certeza de que nada mudará os meus pensamentos, sentimentos ou modo de ser, seja qual for o resultado e acho melhor você se acalmar, pois hoje é só o exame, o diagnóstico deve levar algum tempo! 

Então eles se aproximando do balcão da recepção, Paulo se destaca e apresenta a sua ficha de marcação.

- O senhor pode já ir até o corredor, até a terceira porta a direita, sentar-se é só aguardar que logo será chamado! Diz a recepcionista.

- Obrigado ! Respondeu Paulo, enquanto descia um fio de suor de sua testa, demostrando nervosismo.

Ao lado da tal porta, Paulo se senta e aguarda, juntamente com sua amiga que tenta distrai-lo, mesmo estando mais apreensiva que ele.

Logo a porta se abriu para dentro e uma moça de média estatura aparece, pega a ficha das mãos de Paulo e pede que aguarde um pouco mais.

Alguns minutos depois, novamente a porta se abriu e desta vez, o seu nome foi chamado.

- Sr. Paulo, por favor, entre!

Paulo então entra acompanhado de sua inseparável amiga que, fora logo barrada logo nos primeiros passos.

Depois de muita insistência de ambos, e de os profissionais os advertirem do risco da radiação, e ainda assim a insistência em permanecer na sala, eles então aceitaram a permanência de Sophia na sala, desde que com roupas adequada.

Trouxeram lhe então, um roupão que lhe cobria até os pés e que devia pesar mais de 10 kilos e então Sophia estava pronta pra assistir o exame há uma distância de cerca de quatro metros de distância da câmara.

Paulo então pronto também, senta-se no aparelho e antes de se deitar, troca com Sophia, um olhar que mais parecia uma despedida. Deita-se e é completamente atado a aquela maca, que foi o introduzindo lentamente pra dentro do tubo, com um som ensurdecedor e um conjunto de luzes giratórias que giravam super velozes.

Com duração de mais de dez minutos e muita apreensão por parte de Sophia, a maca sai lentamente do tubo e ela em fim, pode novamente ver o seu amigo.

Retirado as amarras que o atavam a maca, Paulo então pode sentar-se, enquanto Sophia retirava o roupão, com a ajuda de um funcionário.

Alguns minutos depois, então eles puderam sair para outra sala, onde foram recomendados aguardar por 20 minutos, enquanto esperavam por alguma reação da radiação sofrida por Paulo durante o exame.

Passado o tempo, puderam então deixar a sala e seguir à recepção, onde então Sophia apresentou o seu RG e pediu pelo resultado dos seus exames.

Pronto, envelope no mão, agora e só marcar o clínico para avaliação, que deu minutos depois.

Agora é a vez de Paulo ficar na torcida.

Dez minutos depois, a porta se abre e Sophia sai do consultório radiante.

- Deu tudo certo, estou apta! Exclama Sophia eufórica! 

Paulo então se aproxima e lhe dá um abraço e a parabeniza.

Vamos agora almoçar e a gente vai até a instituição administradora do curso, quero logo ingressar na próxima turma! Pede Sophia.

Agora está tudo pronto, Sophia já está inscrita no curso de segurança armada e pronta para enfrentar 200 horas do curso.

Retornam então, já à noitinha e Paulo a convida para ir ao bar, um pouco mais tarde.

- Não vou poder hoje, é que amanhã eu vou começar a preparar as salas, pois tenho só mais uma semana até que às aulas comecem, outro dia a gente comemora, tá bom! 

-Tá bom, se não pintar nenhuma corrida, eu apareço por lá, pra dar uma ajuda na limpeza! Promete Paulo.

- Tá bom então, se puder, aparece por lá! Diz Sophia indo em direção ao portão do colégio, do outro lado da rua.

No dia seguinte, Paulo faz duas corridas até a rodoviária e depois desliga o celular e segue para o colégio, onde encontra Sophia juntamente com duas garotas, uma ex aluna, a Denise e outra que ainda concluiria alí, o 5° ano, a Paulinha.

Paulo então, pois-se a bombear água, uma vez que lá havia apenas uma bomba manual, para fazer chegar a água até a caixa d'água. 

Assim tudo ficou mais fácil e rápido e logo a tardinha, as salas estavam lavadas.

No dia seguinte, foi a vez de preparar alguns cartazes de boas vindas e lá estava novamente Paulo pra ajudar no encarte das cartolinas...

Assim o tempo foi passando e na última semana das férias, já é chegada a hora de Sophia começar o seu curso e dois dias após, também Paulo pegará o seu exame para apresentar ao neurologista e receber o seu laudo.

Seis horas, era a duração diário do curso e no terceiro dia, também o dia em que Paulo obterá o seu laudo, Sophia já mantinha um perfil diferente e logo começa a ser chamada de sargento, por seu amigo.

Então ela retruca:

- Ta bom, sou sargento e quero ser eu mesma a te prender, quando você descobrir que no seu passado, tem uma mulher e meia dúzia de molequinhos famintos esperando sua pensão atrazada, ta bom assim! 

Paulo então continua a brincadeira durante a viagem...

- Tá bem, sargento que ainda não sabe nem manuseiar uma arma, vai me dominar como? Eu vou reagir! 

- Ha-ha-ha! Quem foi que disse que não sei usar uma arma?

- Eu estou cursando só pra receber o certificado e minha ata de segurança armada, pois o meu avô, me ensinou desde menina, a atirar com revólver, pistola e rifle... Não mudou muito coisa, o melhor é a mira, na qual eu me garanto!

O queixo de Paulo desceu ao volante de tão boquiaberto que ele ficou ao ouvir aquilo e se certifica:

- É sério isso?

- Sim! afirma Sophia.

Bem, chegamos! Diz Paulo ao estacionar o carro.

- O médico está marcado para às 10 horas, você tem seu curso às 13, você vem comigo?

- Nem se atreva a me impedir de estar lá com você! Desabafa Sophia.


Este é um conto de ficção, em casos de nomes ou histórias semelhantes terá sido mera coincidência.

José Gomes 

Setembro/ 2024




DUAS VIRGENS E UM DESTINO (parte 9)

Paulo então deixa escapar um leve sorriso e diz:

- Deixa então eu pegar outra garrafa e mais um pouco de álcool, porque esse restante aqui não vai ser suficiente pra te contar sobre meus vinte e poucos anos de aventura.

- Vinte e poucos anos, só se for em cada perna né, rsrsrs! Diz Sophia, esbanjando um longo sorriso! 

Paulo então apressa-se em responder de um jeito bem brincalhão.

- É que eu já nasci adulto!

- Fala sério, né, eu não estou bêbada ainda não tá, retrucou ela! 

- Mas é sério, eu não recordo do meu passado, até aos meus 20 anos eu acho!

- Mas como assim, explica aí, você tá complicando tudo e embaralhando a minha cabeça, agora sim, acho que fiquei bêbada, mas foi com essa sua história!

Então Paulo disse pra Sophia...

Eu sofri um acidente, a mais de vinte anos atrás e desde então, eu perdi minha memória. Mesmo com a visita do meu pai, que veio, sei lá de onde e tentou recobrar a minha memória, me contando coisas que pra mim não faziam sentido e ficou comigo durante a minha recuperação, mas nada me fez lembrar sequer de alguma lembrança dele. Ao me recuperar, ele partiu, pois disse-me que tem uma família a zelar e não poderia ficar mais aqui comigo. Ele partiu e eu soube do seu falecimento, alguns anos depois, e já faziam alguns meses do ocorrido. Assim eu sigo a minha vida, um dia após o outro, assim como você me conheceu e isso é tudo que sei de mim!

- Nossa, eu agora aceito aquela outra garrafa, brinca Sophia, que na verdade, estava perdida em meio a tanta nova informação! 

- Mas afinal era eu o tempo todo, o alvo da sua curiosidade? - Pergunta Paulo.

- Aposto que esse povo andou falando alguma bobagem de minha pessoa para você!

Não, na verdade, eu ouvi alguma coisa sobre o seu acidente e só por isso, eu quis ouvir de você mesmo, até onde era verdade o que ouvi! - Acrescenta Sophia!

Bom, já é tarde e acho melhor a gente deixar a outra garrafa para um próximo interrogatório, se tivesse por aqui, outro taxista, eu pediria pra gente, pois eu confesso que não tenho costume de beber e estou um pouco alterado, mas dá pra te levar em casa.

- Se isso for um convite, eu aceito e outro dia, a gente continua essa conversa, tá combinado assim? - Diz Sophia.

Paulo então concorda e leva Sophia pra casa, seguindo à sua, logo em seguida.

No dia seguinte, após livrar-se da dor de cabeça, Sophia recapitulando a conversa com Paulo, não tem dúvidas de que a história contada por Odete era verdadeira e até bem mais rica de detalhes do que o próprio protagonista conhece.

De repente, Sophia sentiu, acho que pela primeira vez, que o mundo girava também ao redor dos outros e que sua vingança ainda permitia uma pausa para viver mais que apenas ela e assim, vê naquele amigo, a necessidade que ele parecia, de um ombro amigo, de uma pessoa que se preocupasse com ele e que o quisesse ver bem.

Por outro, Paulo também sentia uma sensação estranha, algo que ele se tivesse sentido algum dia, estava engavetado em seu obscuro passado, como tantas outras coisas, más, naquele momento ele sentia a necessidade de saber mais de si mesmo e já não se contentava apenas com aquela vida onde o que viesse estaria bom, e decide ir além, agora ele quer saber do seu passado e ainda quer planejar talvez quem sabe, um futuro forjado por suas próprias mãos e não mais esperar que tudo viesse a acontecer ao acaso, como ele fazia até então.

Naquele dia, nasciam dois novos seres:

Sophia, que os seus olhos só viam vingança e Paulo, que vivia um tanto faz, todos os dias.

Surgindo assim, em ambos, a necessidade de se verem com mais frequência, a saírem de seus casulos e lançarem asas a vento e buscarem algo de novo para suas vidas.

No fim de semana seguinte, Eles marcam novamente e voltam ao bar, onde a semente de uma nova vida, havia sido semeada e regada ao sabor de um conhaque aquecido. Desta vez, sem bebida e com a coragem de ambos inflando os seus instintos, eles se despertam e se unem, como numa aliança, para se fortalecerem e saírem em busca de respostas. Mas Paulo se atenta ao fato de não saber, nada sobre a sua amiga, que dê repente parece que caiu do céu, em seu socorro e então pergunta:

- Sophia, antes de mais nada, eu preciso saber quem é você e de onde você surgiu, não que isso possa mudar nada em nossa amizade, mas agora é minha vez de saber mais sobre você, não acha que é justo?

Então Sophia sentindo a pressão da freada de Paulo, resolve abrir-um pouco, mas com aquele jeito feminino, é claro!

Fala um pouco de si, sem muito abrir a guarda e ainda ocultando algumas verdades...

- Eu sou órfã de meus pais, criada por meus avós e há pouco tempo também perdi meu avô, que era o meu porto seguro, agora tenho só a minha avó, que já está bem cansada. Mas o que me levou a sair de minha cidade natal foi a vontade de fazer a minha própria história, usar minhas asas e testar a minha resistência. Confesso que falhei, o meu medo de errar, de não resistir às tempestades da vida me fez pousar por aqui e a hospitalidade, junto da calmaria, o som dos pássaros, o ar puro me cativou e agora eu tenho vontade de construir por aqui, o meu próprio ninho...

Essa sou eu e não ofereço nenhum risco, pode ter certeza!

- Ah, então você já tem um pretendente e vai se casar? Isso é bom a cidade precisa crescer, tá muito estagnado tudo por aqui, diz Paulo!

- Longe de mim, ter um pretendente, ainda não é hora! Eu só quero mesmo é um cantinho que seja meu, pra me acolher depois do trabalho... O amor ainda não sabe o endereço do meu coração, diz Sophia! 

- Então você já está quase resolvida, só falta o seu cantinho, né! Argumenta Paulo.

- É, acho que só e já estarei completa!

Ah, mas tá faltando uma coisa que eu preciso muito... Você pode me levar até capital, na segunda? Mas como taxista é claro! Pede Sophia.

Paulo disse que sim, ele poderia dispor daquele dia para levá-la.

Sophia logo se adianta em falar sobre o que pretendia fazer lá na capital...

- Eu pretendo me matricular em um curso, desejo fazer segurança armada! 

Paulo levou um susto e meio que na negativa, ele diz:

- Ah, que bom! Assim, quando eu me tornar o mais novo milionário da cidade, poderei contratar o seu serviço ou então quando eu abrir o meu próprio banco, você poderá ser vigilante! Disse ele sorrindo.

Mas Sophia não gostou muito da brincadeira e deu logo dá uma freada...

- Vai sonhando, ela diz!

Então na segunda de manhã, eles partiram rumo a capital, cerca de cem kilometros da cidadezinha.

Lá chegando, Paulo procura por uma vaga pra estacionar...

Enquanto Sophia parece desesperada por fazer a sua matrícula.

Então ele a encontra já preenchendo a papelada e diz:

- Você foi rápida no gatilho, hein! 

- E um sonho, diz ela! 

Cerca de uma hora depois, Sophia já matriculada, ela olha nos olhos de Paulo e diz:

- Tenho pra você, um presente de grego!

- Não sei se você vai aceitar...

Nesse momento, desceu dos olhos de Paulo, uma lágrima, que ele logo finge que é um cisco, não tendo convencido ao olhar atento da moça que logo perguntou:

- O que foi, o que fiz, falei de errado ou te fiz lembrar?

Paulo hesita e a moça nervosa interpela:

- Fala logo, senão vou ter um treco aqui! 

Paulo então sem jeito, solta uma vós baixa dizendo:

- Eu na me recordo jamais, de ter recebido um presente na minha vida, é só isso, me comoveu ouvir a palavra dessa forma! 

- Poxa você quase me fez ter um treco aqui, só por isso?

- Foi, mas ainda assim, não quer dizer que eu já acertei o tal presente que você tem pra mim, tá bom?

- Está bem, mas eu posso pelo menos tentar falar o que é? Perguntou ela.

- Sim, é claro! Paulo respondeu.

- Meu próximo passo para o curso é fazer alguns exames de saúde e a clínica parece que é completa, segundo a moça lá do balcão me falou...

Sei, e onde é que eu entro nessa? Atropela Paulo.

- Poxa, espera aí! Desabafa Sophia.

- Se lá nessa clínica tiver um aparelho de tomografia computadorizada, você aceita que eu te presenteie com um exame completo? 

- Não, eu não posso aceitar! Diz Paulo.

A tá, e cadê aquele cara que tinha interesse em se descobrir e que tinha planos pra um futuro, que esteve comigo, outro dia no bar, cadê, vai dar uma de covarde agora? Estou desapontada com você agora, Paulo! 

Paulo então responde a amiga:

- Nossa, acho que eu acabei de lembrar uma coisa do meu passado!

- Jura? Eu quero ser a segunda pessoa a saber, diz logo! Sophia explode em curiosidade.

- Acho que acabei de me lembrar que fui casado! 

- E daí, quem era ela, era a Odete, não é mesmo? Eu sabia! 

Paulo então sorri e com toda a calma explica:

Não, não era a dona Odete, mas era uma mulher que não me deixava falar e que atropelava a minha conversa o tempo todo, por isso eu fiquei sem memória e nunca mais me relacionei com ninguém! E Paulo terminou o trocadilho em uma grande gargalhada.

Sophia então acordou daquele transe momentâneo e disse:

- Desculpa-me, mas você não sabe como eu gostaria de entregar em suas mãos, a sua memória passada e a sua história nesse momento!

Então, novamente as lágrimas envolveram os olhos de Paulo e houve um silêncio momentâneo. Logo após, Paulo é que pediu desculpas e os dois se envolveram em um forte e longo abraço. Então Paulo falou pra Sophia:

- Eu não posso aceitar o presente proposto por você, pois sei que é um exame de alto custo, mas eu quero que saiba que eu quero faze-lo e que o meu maior presente será ter você como minha acompanhante no dia do exame e também quando eu for receber o laudo!

Só então pôde ser sentido um ar leve e um alívio naquele clima bastante tenso e Sophia disse aliviada:

- Às vezes você faz brincadeira com coisa séria, dá vontade de te esganar, sabia? Eu aceito ser a sua acompanhante por esse dia, mas acho que vou estar mais nervosa e apreensiva do que você!

Agora combinados então se dirigiram até a clínica e na recepção, Sophia marca os seus exames, enquanto Paulo fica sabendo que só poderia marcar o seu, após uma consulta com um ortopedista ou então um neurologista, que seria até mais indicado.

Assim sendo, Paulo marcou a sua consulta para o mesmo dia dos exames de Sophia e os dois iniciaram o retorno para a cidadezinha, retornarem na próxima semana e dar continuidade ao processo de ambos.

Sem dúvida alguma que a distância entre Sophia e Paulo era cada vez menor e os dois já comecavam se interpretarem até com olhares, como se fossem conhecidos desde a infância.


José Gomes 

Este é um conto de ficção, em 

casos de nomes ou histórias semelhantes, terá sido mera coincidência.

Setembro/ 2024

DUAS VIRGENS E UM DESTINO (parte 8)

Ah, sim! Então foram vocês que ajudaram no socorro dele, então, indaga Sophia.

-Nao, na verdade, a gente fugiu com medo do que poderia acontecer conosco e além do mais, nunca imaginaríamos que ele sobreviveria àquela tragédia!

Tendo ouvido isso, Sophia se alertou de que estava pisando em um terreno minado e logo perguntou:

-Mas vocês solicitaram socorro e chamaram a polícia logo depois, né!?

-É, na verdade, não! A gente teve tanto medo, que desde aquela noite, teve gente que deixou a cidade e nós mudamos nossas vidas, mas não fomos ajudar no inquérito, e até hoje nunca havia conversado com alguém sobre o ocorrido, mas agora, já prescreveu o crime e todo mundo já não mais importa a ninguém, e você nem daqui é, então acabei falando... Espero que isso possa ficar só entre nós!

Agora então, o círculo começou a se fechar para Sophia, que até então, parecia não ter qualquer interesse nessa parte da história do passado de Paulo.

A partir desse momento, Sophia já havia ganhado um norte ou até mesmo o fio da meada na história que até então, era desconhecida, até mesmo pelo seu protagonista, Paulo.

Sophia já começando a sentir aquele famoso friozinho na espinha, tratou logo de despedir-se e voltou para o colégio, sua casa, para tentar digerir aquele situação na qual ela se meteu.

Aí então, ela se encheu de coragem e ligou para Paulo:

De pronto, ele atende, já em tom de brincadeira...

- Alô, pra onde a senhorita deseja uma corrida? 

Mas Sophia estava muito aflita e nem reparou na brincadeira que Paulo havia iniciado.

Logo atropelado com a pergunta:

- Você tem compromisso pra hoje à noite?

É que eu queria conversar com você, mas preciso do seu tempo, afinal, a gente só se fala em serviço, né! 

Paulo então, muito observador, percebeu a tensão, mas palavras de Sophia e logo respondeu que poderia sim, dispor de tempo para eles conversarem.

- Pois bem, onde a gente se encontra? Pergunta Paulo, já apreensivo.

- Na sua casa não sei se deveria, aqui na escola, também não devemos e não gostaria de colocar mais ninguém na conversa... Você que é morador daqui, diz aí, onde pode ser!

- Tem um bar novo lá perto da prefeitura, parece ser um bom ambiente e é público, creio que não vai causar constrangimento à ninguém! - sugeriu Paulo.

Sophia então concordou de pronto e marcaram que Paulo poderia pegá-la às 19 horas.

Agora eram dois aflitos; Paulo ansioso por saber o que aflingia a sua cliente e amiga, já Sophia, por não saber como abordar a conversa com Paulo.

Anoiteceu e logo às 19 horas, Paulo chegou ao portão do colégio e, mal teve a intenção de fazer soar a buzina, Sophia já apareceu.

- Boa noite, vamos, diz ela!

- vamos, seguido de um boa noite, respondeu Paulo!

Chegando no bar, Ele pediu um refrigerante e perguntou se a amiga o acompanhava ou queria uma cerveja.

- Acho que uma cerveja, ou um conhaque, não sei, eu não costumo beber, só sei que preciso sair um pouco de mim, pra poder conversar com você hoje, o que você me sugere?

Bom, eu nunca tomo bebida alcoólica e acho até melhor você, se não tem o costume, também não ir por esse lado. Sabe, a coragem deve vir espontânea e não induzida, principalmente pelo álcool, mas você é maior de idade e se precisar, pode confiar na minha pessoa, que serei para você, o mesmo profissional de sempre. Mas agora, começe logo a me dizer o que tanto te aflinge!

Sophia recebeu aquele choque de realidade que a levou a lembra-se do seu avô e de todas às suas intenções, quando decidira partir para aquele lugar e então disse:

- Coragem bem que poderia ser o meu sobrenome, mas é que o assunto não sou eu ou sequer me diz respeito, por isso é que eu estou precisando de uma emulsão, para conseguir destravar o meu senso de enxerida.

Bom, agora você já me despertou curiosidades demais, disse Paulo, levantando-se e se dirigindo até o balcão.

De lá, ele retorna um pouco depois, com duas taças e uma garrafa de conhaque em uma das mãos e na outra, um aquecedor de taça.

Sophia não entendendo do assunto, logo indagou:

O que é isso, uma dose já não é o suficiente?

Paulo sorri e responde:

Se você vai tomar uma dose de conhaque pra aprender a ser enxerida, eu vou te acompanhar, só pra não deixar que se perca sozinha pelos becos das vidas desses pobres desafortunados com quem você pretende se envolver.

Acompanhado pelo olhar atento de Sophia, Paulo coloca a mão no bolso e puxa um isqueiro, acendendo o pavio.

Abre a garrafa, poe um pouco da bebida na taça e adorna sobre aquele fogo esbranquiçado, girando-a lentamente por um pouco de tempo. Logo depois, retirou, deu um leve giro e ofereceu aquela taça à sua agora protegida, como ele mesmo sugeriu. Enquanto ela experimentava aquela taça da bebida um pouco aquecida, Paulo fazia o mesmo com outra taça.

Após preparar o seu drink, perguntou para a moça:

- Que tal assim está?

Sophia então responde com outra pergunta:

- Como você aprendeu a preparar conhaque assim, se acabou de me dizer que nunca bebe?

- Acho que vi em algum filme!

Depois da segunda taça ser servida para ambos, então Sophia começa a falar, já com o rosto em tom bem avermelhado...

- Você nunca falou nada sobre você, comigo, eu nem sei se você é realmente essa pessoa que me aparenta e eu estou aqui, confiando a minha sobriedade, talvez até a minha vida a você. Será que você poderia ser ainda mais cavalheiro e dizer pra mim, um pouco sobre você?


José Gomes 

(Este é um conto de ficção, em caso de nomes ou histórias semelhantes, terá sido mera coincidência.)

Setembro/2024

terça-feira, 24 de setembro de 2024

DUAS VIRGENS E UM DESTINO ( PARTE 7)

 

DUAS VIRGENS E UM DESTINO (parte 7)


Ao chegar em casa, Sophia já não podia conter-se de tão curiosa e ao mesmo tempo, se perguntava o por quê do seu então amigo Paulo, não ter lhe falado nada sobre o seu acidente. Ela chegou a pegar no telefone por várias vezes para chamar Paulo e indagar mais dêle, mas por fim, voltou-se em seu eixo e pensou o quanto ela poderia estar sendo invasiva e, assim decide esperar que ele mesmo lhe conte algo sobre o ocorrido. O que seria muito difícil de acontecer, pois ele fazia de tudo para não voltar às poucas lembranças que ainda tinha, de quando acordara após o acidente.
Ainda de férias, cidade pequena demais pra esconder um bochicho, Sophia é abordada na rua, por uma de suas alunas do 5°ano, que no próximo, já não estaria mais fazendo parte do seu próximo grupo de alunos, tendo em vista que naquele colégio, só se cursava até a 4° série. Denise era o se nome daquela garota de apenas 12 anos, que sorrindo, a convidou para que fosse até a sua casa e conhecesse a sua mãe, uma senhora do lar, aparentando uns 44 anos.
Dona Odete, uma mãe solteira, que levava uma vida difícil para conseguir criar sua filha, apressou-se em receber Sophia e convidá-la a sentar-se na sua humilde sala. Então a Denise foi logo falando: Mãe eu a encontrei ali na rua e a trouxe pra senhora conhecer, pois a senhora não quis ir a nossa festinha, então não a conhecia ainda.
Odete meio sem jeito, foi logo se retratando, ao dizer que tinha uma faxina naquela ocasião, por isso não havia comparecido não cuja festinha. Ela então pergunta se Sophia aceita um suco e pede que Denise vá até a cozinha e pegue na geladeira, o suco para Sophia.
Não demora muito para que a Odete faça a primeira pergunta:
-Voce é a namorada do Paulo, né!?
Parecendo mais uma afirmação, que pergunta.
Sophia uma vez mais, toda sem jeito, diz:
Não, imagina, ele é só um amigo e um taxista! Aliás o único, não é? Por isso a gente tá sempre juntos pela cidade, mas não passa disso!
Dava pra ver na cara de espanto da Odete que logo retrucou em alto tom:
Jura? Eu já estava certa de que você tinha vindo aqui pra esse fim de mundo no rastro dele. Não se o que ele tem que não gosta das mulheres daqui, mas não pode ver um rabo de saia de fora que vai logo pra cima, igual a um perú, fazendo roda e cortejando.
Disse isso, deixando Sophia ainda mais sem jeito.
Então Sophia logo desabafa:
Eu só o conheci aqui, quando cheguei e ele me trouxe da rodoviária até o colégio, não sei de nada sobre a vida dele. Ele nunca me contou nada sobre família, ex namorada ou esposa, nada até hoje, ele me falou de si mesmo. Mas já que a senhora parece saber bem sobre ele, por quê é que ele é assim, tão fechado e ainda está sozinho, já que parece que teve pretendentes, por quê ele escolheu viver assim?
-Bom, já faz tanto tempo que eu venho tentando chamar a atenção dele que já não sinto que ainda agora depois de coroa terei uma chance, desabafa Odete.
Que segue ordenando Denise que vá brincar com alguma amiga na rua, para que pudessem conversar melhor.
Após a menina sair, Odete logo diz:
Sabe, há mais de vinte anos atrás, Paulo era um lindo jovem que só queria curtir a vida, no surf, nos bailes, sem pensar em compromisso, pois os seus pais se separam com ele ainda muito jovem e ele ficou com o pai, que alguns anos depois, decidiu ir morar com uma vendedora que passava sempre aqui, vendendo nos armazes, duas vezes por mês, deixando Paulo sozinho na casa, que logo parece que não sabia como aproveitar a liberdade de sua juventude e uma pequena fortuna que o seu pai deixou para ele. Assim ele se esbaldava nas praias, sem compromisso com a vida, até que numa madrugada, ele foi assaltado, reagil tentando fugir e caiu da ponte com carro e tudo. Eu pensei que aquele era o fim dele!
Sophia não resistiu e a interpelou:
Nossa, da maneira que você fala, parece até que presenciou tudo!
Aí foi a vez de Odete ficar pálida e dizer:
-É que eu e umas amigas estavamos voltando do baile e vimos praticamente como tudo aconteceu.

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

GUIA-ME

Hei, querida! 

Conte-me mais, sobre as coisas que tu vês por aí;

Conta-me sobre como é um arco-íris,

Fala-me mais sobre as rosas, que eu nunca as vi.


Mas por favor, diga-me a verdade, sobre cada detalhe!

Só não é preciso do seu perfume me contar;

Pois este eu já o conheço!

É através dele, que todos os dias eu às consigo encontrar.


Mas, como é verdadeiramente um arco-íris?

E suas cores, donde ele vem, e como eu o posso sentir?

Diga-me por favor!

Não esconda nada de mim!


Tu já me contou sobre o pôr do sol...

Tão maravilhado aínda estou;

Só de imaginar essa tal luz que te ilumina os dias,

E que te permite ver-me como sou.


Querida, não quero ser-te um incômodo,

Mas estou aprendendo a com os teus olhos me ver;

Só por isso te pesso toda a verdade,

Pois a luz que a vida negou-me, eu confio agora à você!


Desculpe-me, se há insegurança!

Mas, dentre as coisas que aprendi em toda a minha vida;

Não foram poucas as que muito maltratam,

E são muitas as frases falsas à causar tanta ferida.


Por isso, só agora quero convida-te, à ser a minha luz,

Guiar os meus passos e ir comigo onde eu for;

Desenhar em meu coração, o arco-íris,

Te convido a ser em minha vida, a luz que a vida me negou.


Dá-me esta chance!

O perfume das rosas que me guiam, quero fazer em você despertar;

Deixa-me te mostrar do que é capaz,

O coração de um cego, que só aprendeu a ver luz, no desejo de te amar.


José Gomes! 

São Francisco de Itabapoana RJ Brasil!

domingo, 15 de setembro de 2024

VEM SER SÓ MINHA

Vem, me abrace agora! 

Antes que o dia se apresente,

Vem, sente comigo, o que paira no ar!

Já não era sem tempo... De tudo rolar entre a gente!


Aquele olhar... Aquele céu! 

As estrelas cadentes... Formando um véu!

E tudo cabia em seu olhar...

Doce olhos de mel! 


E tudo coube em teus sonhos!

Até então guardados para nós;

Liberte-os agora!

Nesse momento único, em que estamos sós!


Agora que você está em meus braços,

Que seja a única e primeira;

Vivendo os teus sonhos,

Em sua entrega inteira.


Vem, me abraçe agora! 

Vem que o teu sonho é também o meu!

Vem ser só minha...

Que te prometo ser eternamente só teu. 


José Gomes 

São Francisco de Itabapoana, RJ/ Brasil.


DESTINO

                         


Quantas pessoas partem sem medo,

Quantas chegam sem nada temer;

Quantas retornam...

E só eu não sei o que fazer! 


Não sei à qual grupo pertenço,

Ou mesmo qual seguir até o fim;

Completamente sem rumo...

Sem um norte, você me deixou assim!


A luz que eu seguia se apagou,

É triste, muito triste!

A vida de trevas, onde estou!

Você simplesmente partiu, deixou de existir.


Sem despedida, sem adeus!

Sem que eu pudesse ver a última vez que você sorriu;

Simplesmente foi-se,

Quando o céu pra você, se abriu.


Sem culpas...

Nem a mim ou a você!

Sem retorno...

Parece que à todos, há um tempo de se perder.


O cronômetro parou!

Só o meu relógio seguiu...

Perdido de mim mesmo estou!

Eu jamais me reencontrei, desde que você partiu.


Eu nunca havia imaginado a minha vida sem você,

Mas agora que você, minha luz, se foi, só trevas foi o que me restou;

Eu nunca me senti tão só,

Percorrendo por todos os caminhos, onde a gente um dia passou.


Se hoje me perguntarem o que houve,

O porquê de sua partida, que me fez peregrino?

Sem pensar duas vezes,

Direi apanas... Destino!


José Gomes 

São Francisco de Itabapoana, RJ/ Brasil.


sexta-feira, 13 de setembro de 2024

RAIOS E TROVÃO

Sabe, eu jamais tinha percebido 

Como eram as minhas noites contigo,

Só agora que você se foi,

É que eu fui perceber...

Que durante o dia, era o meu sol 

E a noite, meu mais lindo e prateado luar.

Agora, em minhas noites,

Apenas tempestades...

Raios e trovões a retumbar.

Meus dias, sem o teu brilho,

Noites de raios e trovão;

Aí de mim!

O que fiz do meu pobre coração?


José Gomes 

São Francisco de Itabapoana, RJ/Brasil.

ATÉ A MORTE

Já perdi as contas de quantas vezes eu desamarrei às cordas e subi a âncora,

Das vezes que rumei ao porto que parecia seguro...

Quantos naufrágios...

Quanto pode ser inseguro, o "porto seguro", ao marinheiro imaturo.


Tantas vezes náufrago,

Agora só me resta a graça da vida;

Já não conto as duras batalhas,

Sequer, as marcas de ferida.


Desta vez, eu corto as cordas,

Iço as velas e me liberto desta âncora azarão;

Vai, desce âncora maldita!

Que parece ser tu, o motivo de toda a minha perdição!


Vai, desce ao fundo do oceano, leva contigo as minhas, mágoas e dores!

Vá, para que nunca mais me deixe aportar;

Estou de velas ao vento, sem cordas e sem destino, 

Sem um desejo que me faça parar.


Perdido, sem rumo, só céu e mar!

Nem leme nem norte,

Sem temer tempestade ou morte.

Não culpo sequer a sorte.


Navegante nesse imenso mar da vida,

Onde jamais poderá me alcançar a sorte;

Ser só é o meu destino,

Onde no fim, só me aguarda a morte.


Quando vieres, que breve sejas, não fugirei nem desviarei,

Te receberei num abraço forte;

Também não te reclamarei a minha vida,

Porém jamais te chamarei de sorte.


Sorte esta, que jamais seguiu comigo,

Desde a minha primeira viagem;

Parece que por lá, perdida ficou,

Abandonou-me, por ficar presa a minha antiga bagagem.


Quando o meu corpo já sem vida, se dobrar sobre a haste da madre,

Que um vento manso tome o leme e sopre, até ao cais mais próximo se aporte;

Deem descanso ao meu barco!

Único a estar comigo até a morte.


José Gomes 

São Francisco de Itabapoana, RJ/ Brasil.


EU SÓ PRECISO DE VOCÊ!

Ai, que vontade que dá!

Ver de novo o seu sorriso,

Tendo a certeza do que nele há!

São mil malícias e desejos,

Um céu, por detrás de cada beijo.

Um paraíso de delícias a me esperar...

No pôr do sol, quiçá, ao pino do luar.

Tê-la novamente, assim, tão de repente!

Sem ter hora pra acabar...

Só quatro paredes, um teto e a gente!

Sem a luz do luar, nem o reflexo do sol,

Não quero saber da hora;

Só preciso urgentemente de você...

E a sua resposta... _"Só se for agora"! 


José Gomes 

São Francisco de Itabapoana, RJ/Brasil.



OLHOS CEGOS

Do que me valem dois olhos cegos?

Pois assim são os meus, se eu não te ver;

Para que pulsar o meu coração?

Se minha vida é nada sem você!


Desde que você se foi, 

Em mim, tudo se perdeu;

Meu jardim, sem vida se tornou,

Até a minha roseira pareceu.


Confiei a ti, o meu mundo,

Até os meus olhos, a ti, eu entreguei;

Fui-te fiel, por quanto tu não me amava,

Ferido de amor, tão cego eu fiquei.


Arrependido, um cego amargurado,

Sofrendo os meus dias na escuridão;

Pois confiei na incerteza,

Entreguei-te meus olhos, alma e coração.


José Gomes 

São Francisco de Itabapoana, RJ/ Brasil.



SHE IS...

 She's like the night!

Ela é como a noite!

Lança sobre mim, seu negro véu;

Enlaça-me, e me apreende,

Doce tormenta à caminho do seu céu.


She's like the moom 

Ela é como a lua,

Inunda-me com seu brilho;

Contigo perco-me do meu caminhar,

Abandono qualquer estrada, pra estar contigo em qualquer trilho.


José Gomes 

São Francisco de Itabapoana, RJ/ Brasil.

O OURO DO SEU SORRISO

       Não é sobre as pedras,

      É sobre o sorriso!

      Não é sobre o peso das pedras 

      que às vezes carrego,

      Mas é sobre a leveza na alma,

      Cada vez que vejo um sorriso seu.


                          José Gomes 

São Francisco de Itabapoana, RJ/ Brasil.

TUDO ERA NORMAL!?

E tudo parecia normal!

Até que um dia...

Ele se distanciou demais para voltar,

E se encontrou com o mundo da poesia.


E o seu mundo nunca mais foi o mesmo!

Onde o amor já não floresce em segredo...

Tudo mudou de lugar...

Até a felicidade assumiu o lugar que antes pertencia ao medo.


Os dias cinzentos, agora já brilham,

Tem pôr do sol, tem até estrela do meio dia;

Na verdade, antes também tinha tudo isso,

Só os olhos, cegos pra vida, é que não os via.


José Gomes 

São Francisco de Itabapoana, RJ/ Brasil.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

O PRESSÁGIO

Às 18 horas, a lua está a pino no céu,

É crescente, presságio à sua visita ao meu árido sertão!

Há três semanas que tu não vens,

Não queira imaginar como está o meu pobre coração!


Tórridos ventos me consomem,

Os botões da primavera estão decaídos, a olhar para o chão;

Sem vida, árido e gélido!

Assim, sem a tua presença, está o meu pobre sertão!


Aguardo-te, com a ansiedade de um menino,

Revestida de prata, espero ver-te chegar;

Vem, minha lua cheia!

Venha trazer o teu véu pra me aconchegar!


Traz consigo o vento brando da mudança!

Traz chuva, traz de volta, a minha felicidade!

Fertiliza o meu sertão!

Mata de uma vez, essa dor cruel da saudade.


Vem, minha lua cheia!

Presenteia-me com o seu inigualável brilho!

Já são tantos dias sem te ver...

Um pouco mais e já me perco do trilho.


José Gomes 

São Francisco de Itabapoana, RJ/Brasil.

MEU ELO PERDIDO

 Uma noite de solidão,  Penumbra triste e fria... Que ninguém ouse contar de ti, os segundos, Nem há quem possa adivinhar quanto tempo durar...