segunda-feira, 30 de setembro de 2024

DUAS VIRGENS E UM DESTINO (11)

No balcão da recepção, Paulo então pede pelo seu exame, entregando na mão da recepcionista, o seu RG.

- Está pronto, vou pegar para o senhor...
- Aqui está! Diz a recepcionista, ao entregar o envelope nas mãos de Paulo.
Paulo então agradece e avisa que tem também marcado, o dr. Pedro, o neuro, e a moça então busca por sua ficha, o entrega e lhes conduz ao corredor, para que pudessem aguardar.
Um pouco depois, Paulo é chamado a entrar no consultório e Sophia entra, seguindo os seus passos.
Doutor Pedro então os cumprimenta e pega o resultado da tomografia e pōe-se a ler o laudo escrito.
Depois de um tempo em silêncio, começa a observar então, as imagens...
Logo depois ele se volta para o casal e diz:
- Então, não há nada de errado com os seu exame! Além de uma leve inclinação  do pescoço, que de certo não vai atrapalhar em nada, o seu cérebro não sofreu nenhuma avaria, está perfeito, não houve traumatismo, nem perda de massa encefálica... Está tudo em ordem! Relata o neurologista.
- Mas, doutor, essa amnésia, já dura mais de vinte anos, qual poderia ser a causa? Pergunta Sophia, meio que desapontada.
- É mais provável que esteja ligada ao emocional do que a qualquer dano cerebral! Afirma dr. Pedro.
Paulo então por sua vez, resmungou entristecido:
- Eu já ouvi isso antes!
Sem conseguir esconder o desapontamento, ambos saem do consultório e se dirigem pelo corredor rumo à recepção e chegando à rua, posteriormente. De lá, Sophia segue para o curso, enquanto Paulo fica no carro olhando aquelas folhas, sem respostas que pudessem satisfazer a sua longa angústia.
Paulo então dá partida no carro e sai para uma volta, enquanto aguarda Sophia.
Enquanto isso, no curso, uma pequena pausa e o instrutor pergunta pra Sophia:
- Cade aquela moça esforçada e cheia de vontade de vencer, que eu vi entrar aqui, a dois dias atrás?
- Sophia cabisbaixa, então responde:
- Não estou em um dos meus melhores dias... O taxista que vem sempre me trazer aqui na cidade, ele é também um grande amigo e tem um problema de amnésia retrógrada. Ele fez uma tomografia para ver se encontrava o motivo da mesma e hoje saiu o diagnóstico.
- E o ele tem, afinal? Pergunta o instrutor.
- Nada! Respondeu Sophia.
- A gente esperava uma resposta, mas não foi encontrado nada que possa ter causado essa amnésia.
- O que o médico disse sobre isso? Indaga o instrutor.
- Ele disse que só se for algum fundo emocional, pois não há nenhuma avaria no cérebro pra ter causado essa doença. Relata Sophia.
Aquele instrutor, de nome Mário, então reagiu de uma forma esquisita, inclinando a cabeça pra direita e depois deu leve sorriso, sacudindo a cabeça em negativa.
Sophia então logo perguntou:
- O que foi isso? Jeito estranho...
- Não foi nada demais, não! Diz Mário!
- Como nada? Disse Sophia, já ficando indignada.
- Tá bom, então eu vou te falar, mas não vai me chamar de doido! Argumenta Mário.
- É que há pouco tempo, apareceu aqui pela cidade, um casal e a esposa dizia que iria montar um consultório para atender fazendo terapia regressiva... Então eu lembrei disso, mas seria uma loucura, alguém voltar no passado, foi o que eu pensei, quando ouvi isso. Só agora é que pensei o quanto poderia ser útil, no caso desse seu amigo.
- É sério isso? Pergunta Sophia, bastante interessada no assunto.
- Sim, mas não sei ao certo o que aconteceu, mas ela não montou o negócio, mas eles ainda moram na cidade, o marido dela é locutor em uma rede de supermercado, mas ela, eu não a vejo a tempos. Parece que saiu do país, ouvi dizer que está fazendo curso de hipinose, não sei onde.
- Nossa!!!  Podemos conversar mais sobre isso na próxima vinda minha aqui? Eu queria que o meu amigo ouvisse sobre isso, quem sabe não pode se interessar... Já é hora de voltar ao curso, diz Sophia.
-Sim, porque você não chega mais cedo, amanhã, e almoçamos juntos, enquanto conversamos! Convida Mário.
- Pode ser, vou falar com o Paulo, mas acho que ele vai se interessar! Concorda Sophia.
No final do dia e também daquele aula, Paulo aproxima-se e Sophia embarca, retornando...
Durante a viagem de volta, Paulo muito calado e Sophia inquieta, doida pra falar sobre o assunto...
Então ela destrava a língua e começa a falar:
- Você ficou satisfeito com o resultado obtido hoje?
- Eu já sabia, eu acho! Mas confesso que tive por um instante, a esperança de que pudece pelo menos encontrar uma razão para o meu problema, mas tá bom, podia ter sido pior... Desabafa Paulo.
- Vai desistir agora então, né, e viver o resto da vida nesse marasmo?
Perguntou Sophia, já cheia de novas intenções.
- Não sei, acho que vou seguir até que surjam novos rumos, senão, é viver mesmo esse tal marasmo como você diz. Respondeu Paulo.
Sophia então sentiu alí, um momento de fragilidade em Paulo e lança a sua rede...
- E se eu te disser que existe ainda uma chance de você se lembrar do seu passado, você me deixa te guiar nessa aventura?
- Lá vem você... Exclama Paulo.
- Eu sei que te fiz gastar suas fichas, com a idéia desse exame, mas será que eu perdi todo o meu crédito, numa única partida perdida? Sophia indaga, entristecida.
Paulo então olha e vê aquela lágrima que desce daquele rosto triste e diz:
- Tá bom, garda logo essa cebola que você tem escondida aí e me fala logo o que você tem pra falar!
Sophia então enxuga aquela lágrima, libera um leve sorriso e então diz:
- Obrigado por você ainda me ouvir... Como você sabe, eu sou órfã desde muito cedo e encontrei em você, a segunda pessoa que mais esteve perto de um pai, pra mim, por isso eu gostaria de retribuir e aqui, o mais perto de uma família que tenho, também e você, então deixa eu resgatar esse sentimento que já vem quase se extinguindo em mim. É muito bom sentir algo diferente do que eu vinha sentindo já há muito tempo.
Depois desse sermão, eu só posso dizer que você é livre pra me conduzir, pelo menos mais essa vez! Diz Paulo.
-E então, o que você tem pra me propor?
Sophia então diz:
- Amanhã, quando formos pro curso, vamos mais cedo, vamos almoçar lá e te apresento uma pessoa que me falou sobre algo que achei interessante e queria que você também ouvisse ele...

Este é um conto de ficção, casos de nomes ou histórias semelhantes, terá sido mera coincidência.
José Gomes
30/09/2024

Nenhum comentário:

MEU ELO PERDIDO

 Uma noite de solidão,  Penumbra triste e fria... Que ninguém ouse contar de ti, os segundos, Nem há quem possa adivinhar quanto tempo durar...