Ah, sim! Então foram vocês que ajudaram no socorro dele, então, indaga Sophia.
-Nao, na verdade, a gente fugiu com medo do que poderia acontecer conosco e além do mais, nunca imaginaríamos que ele sobreviveria àquela tragédia!
Tendo ouvido isso, Sophia se alertou de que estava pisando em um terreno minado e logo perguntou:
-Mas vocês solicitaram socorro e chamaram a polícia logo depois, né!?
-É, na verdade, não! A gente teve tanto medo, que desde aquela noite, teve gente que deixou a cidade e nós mudamos nossas vidas, mas não fomos ajudar no inquérito, e até hoje nunca havia conversado com alguém sobre o ocorrido, mas agora, já prescreveu o crime e todo mundo já não mais importa a ninguém, e você nem daqui é, então acabei falando... Espero que isso possa ficar só entre nós!
Agora então, o círculo começou a se fechar para Sophia, que até então, parecia não ter qualquer interesse nessa parte da história do passado de Paulo.
A partir desse momento, Sophia já havia ganhado um norte ou até mesmo o fio da meada na história que até então, era desconhecida, até mesmo pelo seu protagonista, Paulo.
Sophia já começando a sentir aquele famoso friozinho na espinha, tratou logo de despedir-se e voltou para o colégio, sua casa, para tentar digerir aquele situação na qual ela se meteu.
Aí então, ela se encheu de coragem e ligou para Paulo:
De pronto, ele atende, já em tom de brincadeira...
- Alô, pra onde a senhorita deseja uma corrida?
Mas Sophia estava muito aflita e nem reparou na brincadeira que Paulo havia iniciado.
Logo atropelado com a pergunta:
- Você tem compromisso pra hoje à noite?
É que eu queria conversar com você, mas preciso do seu tempo, afinal, a gente só se fala em serviço, né!
Paulo então, muito observador, percebeu a tensão, mas palavras de Sophia e logo respondeu que poderia sim, dispor de tempo para eles conversarem.
- Pois bem, onde a gente se encontra? Pergunta Paulo, já apreensivo.
- Na sua casa não sei se deveria, aqui na escola, também não devemos e não gostaria de colocar mais ninguém na conversa... Você que é morador daqui, diz aí, onde pode ser!
- Tem um bar novo lá perto da prefeitura, parece ser um bom ambiente e é público, creio que não vai causar constrangimento à ninguém! - sugeriu Paulo.
Sophia então concordou de pronto e marcaram que Paulo poderia pegá-la às 19 horas.
Agora eram dois aflitos; Paulo ansioso por saber o que aflingia a sua cliente e amiga, já Sophia, por não saber como abordar a conversa com Paulo.
Anoiteceu e logo às 19 horas, Paulo chegou ao portão do colégio e, mal teve a intenção de fazer soar a buzina, Sophia já apareceu.
- Boa noite, vamos, diz ela!
- vamos, seguido de um boa noite, respondeu Paulo!
Chegando no bar, Ele pediu um refrigerante e perguntou se a amiga o acompanhava ou queria uma cerveja.
- Acho que uma cerveja, ou um conhaque, não sei, eu não costumo beber, só sei que preciso sair um pouco de mim, pra poder conversar com você hoje, o que você me sugere?
Bom, eu nunca tomo bebida alcoólica e acho até melhor você, se não tem o costume, também não ir por esse lado. Sabe, a coragem deve vir espontânea e não induzida, principalmente pelo álcool, mas você é maior de idade e se precisar, pode confiar na minha pessoa, que serei para você, o mesmo profissional de sempre. Mas agora, começe logo a me dizer o que tanto te aflinge!
Sophia recebeu aquele choque de realidade que a levou a lembra-se do seu avô e de todas às suas intenções, quando decidira partir para aquele lugar e então disse:
- Coragem bem que poderia ser o meu sobrenome, mas é que o assunto não sou eu ou sequer me diz respeito, por isso é que eu estou precisando de uma emulsão, para conseguir destravar o meu senso de enxerida.
Bom, agora você já me despertou curiosidades demais, disse Paulo, levantando-se e se dirigindo até o balcão.
De lá, ele retorna um pouco depois, com duas taças e uma garrafa de conhaque em uma das mãos e na outra, um aquecedor de taça.
Sophia não entendendo do assunto, logo indagou:
O que é isso, uma dose já não é o suficiente?
Paulo sorri e responde:
Se você vai tomar uma dose de conhaque pra aprender a ser enxerida, eu vou te acompanhar, só pra não deixar que se perca sozinha pelos becos das vidas desses pobres desafortunados com quem você pretende se envolver.
Acompanhado pelo olhar atento de Sophia, Paulo coloca a mão no bolso e puxa um isqueiro, acendendo o pavio.
Abre a garrafa, poe um pouco da bebida na taça e adorna sobre aquele fogo esbranquiçado, girando-a lentamente por um pouco de tempo. Logo depois, retirou, deu um leve giro e ofereceu aquela taça à sua agora protegida, como ele mesmo sugeriu. Enquanto ela experimentava aquela taça da bebida um pouco aquecida, Paulo fazia o mesmo com outra taça.
Após preparar o seu drink, perguntou para a moça:
- Que tal assim está?
Sophia então responde com outra pergunta:
- Como você aprendeu a preparar conhaque assim, se acabou de me dizer que nunca bebe?
- Acho que vi em algum filme!
Depois da segunda taça ser servida para ambos, então Sophia começa a falar, já com o rosto em tom bem avermelhado...
- Você nunca falou nada sobre você, comigo, eu nem sei se você é realmente essa pessoa que me aparenta e eu estou aqui, confiando a minha sobriedade, talvez até a minha vida a você. Será que você poderia ser ainda mais cavalheiro e dizer pra mim, um pouco sobre você?
José Gomes
(Este é um conto de ficção, em caso de nomes ou histórias semelhantes, terá sido mera coincidência.)
Setembro/2024
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